O movimento simbolista, também conhecido como Simbolismo, foi uma corrente artística e literária que floresceu entre o final do século XIX e o início do século XX, especialmente na Europa. O Simbolismo surgiu como uma contraposição ao Realismo e ao Naturalismo, movimentos que buscavam retratar a realidade de maneira objetiva e detalhada. Em contrapartida, os simbolistas defendem a subjetividade, a introspecção e a espiritualidade como caminhos para a expressão artística, focando mais nas emoções, ideias e mistérios do que na realidade tangível.


Contexto Histórico

O Simbolismo surgiu na França e foi fortemente influenciado pelas correntes filosóficas e literárias da época, como as ideias de Arthur Schopenhauer e Friedrich Nietzsche, e pela poesia de Charles Baudelaire, cuja obra As Flores do Mal é considerada um marco que antecipou o movimento. Em um contexto marcado pelos avanços científicos e pela secularização da sociedade, o Simbolismo buscou oferecer um refúgio espiritual, valorizando o irracional, o transcendente e o místico. Ele atraiu principalmente escritores e artistas que acreditavam que a realidade não poderia ser compreendida em sua totalidade por meio da razão.


Características do Simbolismo

O Simbolismo é marcado por uma série de características que o diferenciam de outros movimentos artísticos:

Subjetividade e introspecção: A literatura simbolista é profundamente subjetiva, explorando o eu interior, os sentimentos e as emoções. Ao invés de retratar a realidade objetiva, os autores simbolistas buscam dar voz ao inconsciente e às forças ocultas da psique.

Uso de símbolos: Como o próprio nome sugere, os simbolistas fazem uso de símbolos para representar ideias e sentimentos complexos. Esses símbolos são frequentemente ambíguos e abertos a múltiplas interpretações, exigindo do leitor uma leitura mais profunda e reflexiva.

Musicalidade e ritmo: Na poesia simbolista, o ritmo e a sonoridade das palavras são fundamentais. Os simbolistas frequentemente usam versos livres, aliterações e repetições para criar uma musicalidade que intensifica a experiência estética e emocional do texto.

Temática espiritual e metafísica: O Simbolismo explora temas como a morte, o sobrenatural, o misticismo e a busca pelo absoluto. Essa tendência reflete uma busca por significados que transcendem o mundo material.

Estética do sonho e do subconsciente: Os simbolistas também exploram o mundo dos sonhos e o subconsciente, buscando representações poéticas de estados oníricos e alucinatórios. Isso é refletido na preferência por atmosferas nebulosas, fantasiosas e surreais.


Principais Autores e Obras do Simbolismo

Entre os principais poetas simbolistas estão Stéphane Mallarmé, Paul Verlaine e Arthur Rimbaud. Esses autores foram mestres no uso de símbolos e na criação de uma poesia marcada pela musicalidade e pela busca por expressar o inexprimível. Mallarmé, por exemplo, escreveu poemas enigmáticos e abstratos que exploram a ideia de uma linguagem pura e espiritual. Rimbaud, com sua obra Uma Temporada no Inferno, trouxe um estilo visceral e visionário, explorando temas de angústia e alienação.

No Brasil, o Simbolismo encontrou seu representante mais emblemático em Cruz e Sousa, cujo livro Broquéis é considerado um marco do movimento no país. Sua poesia expressa uma intensa angústia existencial e uma busca por transcendência, caracterizando-se pela musicalidade e pelo uso de imagens evocativas. (Veja poema de Cruz e Souza aqui e aqui).


O Simbolismo nas Artes Visuais

Embora o Simbolismo tenha surgido principalmente na literatura, ele também teve grande impacto nas artes visuais. Pintores como Gustav Klimt, Odilon Redon e Edvard Munch incorporaram os ideais simbolistas em suas obras, criando pinturas que exploravam temas sombrios, introspectivos e metafísicos. Em suas pinturas, os simbolistas utilizavam figuras alegóricas e atmosféricas para evocar estados emocionais e introspectivos, com núcleos vibrantes e formas muitas vezes distorcidas para transmitir uma dimensão espiritual.

Obra de Gustav Klimt

O Simbolismo no Brasil

No Brasil, o Simbolismo não teve a mesma abrangência que na Europa, mas ainda assim produziu obras marcantes. Além de Cruz e Sousa, outro autor de destaque foi Alphonsus de Guimaraens, cujas poesias lidam com temas como a morte, a religiosidade e o amor idealizado (veja a poesia Ismália aqui). A recepção do Simbolismo no Brasil foi dificultada pela influência já estabelecida do Parnasianismo, que dominava a cena literária nacional da época. Ainda assim, os simbolistas brasileiros trouxeram um novo olhar sobre a espiritualidade e a subjetividade na literatura.


Legado do Simbolismo

O Simbolismo influenciou diversos movimentos artísticos e literários subsequentes, como o Modernismo, o Surrealismo e o Expressionismo. Sua ênfase na subjetividade e no irracional abriu portas para experimentações formais e temáticas que moldaram a arte e a literatura do século XX. Além disso, o Simbolismo permanece relevante como uma expressão da busca humana por sentido e transcendência em um mundo cada vez mais racionalizado.


Então, o movimento simbolista foi uma resposta ao materialismo e ao cientificismo de sua época, oferecendo uma alternativa que valorizava o espírito e o inconsciente. Com seu uso de símbolos, musicalidade e temas metafísicos, o Simbolismo se localiza como um movimento inovador e profundo, cujos ecos ainda ressoam na literatura e nas artes contemporâneas. Hoje, ele é lembrado como um marco da busca por expressar o invisível e o inefável, revelando as profundezas do ser humano em toda a sua complexidade.


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