A Calúnia de Apelles é uma pintura de Botticelli elaborada em 1495, a partir da técnica tempera sobre madeira. Mede 91 x 62 centímetros e se encontra na Galeria dos Uffizi, desde 1773.

Foi concebida depois da queda da Família Médici, uma família de mecenas, durante o domínio das ideias de Savonarola.

c.1495 – Início do Renascimento – 91 x 62 cm – Galleria degli Uffizi

Seria uma tentativa de Botticelli de reproduzir uma das obras perdidas do famoso pintor da antiguidade Apeles, descrita por Luciano de Samósata em um de seus Diálogos e mencionada no tratado de Alberti. Ela aludia à falsa acusação de que fora vítima Apeles, de ter conspirado contra Ptolemeu IV Filopátor.

A obra foi uma encomenda da casa Segni, como descreveu Vasari.

Essa pintura de Botticelli é entendida como uma alegoria do que seria a Justiça naquele momento da História, ainda que a base dela seja a calúnia em si. No quadro, a dramaticidade da cena está presente não só pelas expressões faciais dos personagens, mas também pelas posições dos corpos, com braços e pernas torcidos, sugerindo uma movimentação. De acordo com a iconologia, as figuras representadas simbolizam conceitos: a Calúnia, a Inveja, um homem arrastado para o Rei Midas, atento ao que dizem a Suspeita e a Ignorância, o Remorso observando a cena e a Verdade nua, distante dos demais. O uso de cores contrastantes, dando a ilusão de claro e escuro, começou a ser utilizado pelo pintor nesse período, sendo que essa obra foi a última sem aspecto religioso que ele produziu.

Nessa alegoria, Botticelli retrata o juiz em posição contrária à Verdade, que, ao apontar para o céu, sugere que ela cabe ao divino, assim como a justiça. Assim, o artista retrata a ineficiência da justiça no mundo, visto que o acusado já paga pela pena antes mesmo de ser julgado. Ele é arrastado pelos cabelos e não aparece em posição suplicante, como se já tivesse perdido a esperança. As testemunhas são a Suspeita e a Ignorância, que atormentam o juiz incapaz de pautar argumentos na vontade divina. Os olhos dele estão direcionados ao nada, como se não devesse atentar-se para o que estão dizendo e retomando a ideia de que a justiça é cega.


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Equipe Tête-à-Tête