Entrevista com Armindo Pereira | Correio da Manhã, 1963

P. — Qual a melhor orientação para o estudo da história da literatura brasileira?

R. — Raramente uma pergunta de entrevista foi tão oportuna quanto esta. O brasileiro tem a obrigação de conhecer sua literatura, o mais poderoso e o mais fino instrumento de expressão da nacionalidade. Mas o ensino secundário, que abusa das obras literárias para fins de estudo da língua, não dá a orientação necessária. Mais tarde, o brasileiro interessado no assunto encontra, a cada passo, duas séries de reivindicações contraditórias: de um lado, a série acadêmica, que não quer sair da estagnação de 1920, e, de outro lado, a série “atual”, baseada na suposição de que a vida começou em 1945 ou em 1962. Como orientar-se?

Meu conselho é simples: não ler as histórias da literatura e não ler as obras de crítica literária antes das próprias obras. Ler antes as obras, e as histórias e críticas depois. Quem, seguindo esse caminho, não chegará a separar o joio do trigo, nunca chegará a tanto usando muletas alheias. Os outros, aguardarão no bom caminho.

Armindo Pereira , ‘Questionário: Otto Maria Carpeaux’, Correio da Manhã , Rio de Janeiro, 29 jun. 1963, pág. 11.


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Equipe Tête-à-Tête