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MÃO – LISPECTOR

Agora preciso de tua mão,não para que eu não tenha medo,mas para que tu não tenhas medo.Sei que acreditar em tudo isso será,no começo, a tua grande solidão.Mas chegará o instante em que me darás a mão,não mais por solidão,... Continue lendo →

SOU – LISPECTOR

… assombrada pelos meus fantasmas,pelo que é mítico e fantástico– a vida é sobrenatural.E eu caminho em corda bamba até o limite de meu sonho.As vísceras torturadas pela voluptuosidadeGuiam-me, fúria dos impulsos. Antes de me organizartenho que me desorganizar internamente.Para... Continue lendo →

MINHA ALMA TEM O PESO DA LUZ – LISPECTOR

Minha alma tem o peso da luz.Tem o peso da música.Tem o peso da palavra nunca dita,prestes quem sabe a ser dita.Tem o peso de uma lembrança.Tem o peso de uma saudade.Tem o peso de um olhar.Pesa como pesa uma... Continue lendo →

SONHE – LISPECTOR

Seja o que você quer ser,porque você possui apenas uma vida e nela só se tem uma chancede fazer aquilo que quer. Tenha felicidade bastante para fazê-la doce.Dificuldades para fazê-la forte.Tristeza para fazê-la humana.E esperança suficiente para fazê-la feliz. As... Continue lendo →

PEDRA FILOSOFAL – ANTÓNIO GEDEÃO

Eles não sabem que o sonhoé uma constante da vidatão concreta e definidacomo outra coisa qualquer,como esta pedra cinzentaem que me sento e descanso,como este ribeiro mansoem serenos sobressaltos,como estes pinheiros altosque em verde e oiro se agitam,como estas aves... Continue lendo →

DEZ RÉIS DE ESPERANÇA – ANTÓNIO GEDEÃO

Se não fosse esta certezaque nem sei de onde me vem,não comia, nem bebia,nem falava com ninguém.Acocorava-me a um canto,no mais escuro que houvesse,punha os joelhos á bocae viesse o que viesse.Não fossem os olhos grandesdo ingénuo adolescente,a chuva das... Continue lendo →

CORAÇÃO SEM IMAGENS – RAUL DE CARVALHO

Deito fora as imagens,Sem ti para que me servemas imagens? Preciso habituar-mea substituir-tepelo vento,que está em toda a partee cuja direcçãoé igualmente passageirae verídica. Preciso habituar-me ao eco dos teus passosnuma casa deserta,ao trémulo vigor de todos os teus gestosinvisíveis,à... Continue lendo →

LIBERDADE – FERNANDO PESSOA

Ai que prazerNão cumprir um dever,Ter um livro para lerE não o fazer!Ler é maçada,Estudar é nada.O sol doiraSem literatura.O rio corre, bem ou mal,Sem edição original.E a brisa, essa,De tão naturalmente matinal,Como tem tempo não tem pressa... Livros são... Continue lendo →

AMOR ANTIGO – DRUMMOND

O amor antigo vive de si mesmo,não de cultivo alheio ou de presença.Nada exige nem pede. Nada espera,mas do destino vão nega a sentença. O amor antigo tem raízes fundas,feitas de sofrimento e de beleza.por aquelas mergulha no infinito,e por... Continue lendo →

SABEDORIA – JOSÉ RÉGIO

Desde que tudo me cansa,Comecei eu a viver.Comecei a viver sem esperança...E venha a morte quandoDeus quiser. Dantes, ou muito ou pouco,Sempre esperara:Às vezes, tanto, que o meu sonho loucoVoava das estrelas à mais rara;Outras, tão pouco,Que ninguém mais com... Continue lendo →

SUAVIDADE – FLORBELA ESPANCA

Pousa a tua cabeça doloridaTão cheia de quimeras, de ideal,Sobre o regaço brando e maternalDa tua doce Irmã compadecida. Hás-de contar-me nessa voz tão quridaA tua dor que julgas sem igual,E eu, pra te consolar, direi o malQue à minha... Continue lendo →

ESTE É O LENÇO – CECÍLIA MEIRELES

Este é o lenço de Marília,pelas suas mãos lavrado,nem a ouro nem a prata,somente a ponto cruzado.Este é o lenço de Maríliapara o Amado. Em cada ponta, um raminho,preso num laço encarnado;no meio, um cesto de flores,por dois pombos transportado.Não... Continue lendo →

CREIO NOS ANJOS QUE ANDAM PELO MUNDO – NATÁLIA CORREIA

Creio nosanjos que andam pelo mundo,Creio na Deusa com olhos de diamantes,Creio em amores lunares com piano ao fundo,Creio nas lendas, nas fadas, nos atlantes, Creio num engenho que falta mais fecundoDe harmonizar as partes dissonantes,Creio que tudo eterno num... Continue lendo →

MEMÓRIA – DRUMMOND

Amar o perdidodeixa confundidoeste coração. Nada pode o olvidocontra o sem sentidoapelo do Não. As coisas tangíveistornam-se insensíveisà palma da mão. Mas as coisas findas,muito mais que lindas,essas ficarão. ... Carlos Drummond de Andrade Até mais! Equipe Tête-à-Tête

DE QUE ME RIO EU?

De que me rio eu?... Eu rio horas e horassó para me esquecer, para me não sentir.Eu rio a olhar o mar, as noites e as auroras;passo a vida febril inquietantemente a rir. Eu rio porque tenho medo, um terror... Continue lendo →

ESCADA SEM CORRIMÃO – DAVID FERREIRA

É uma escada em caracol E que não tem corrimão. Vai a caminho do Sol Mas nunca passa do chão. Os degraus, quanto mais altos, Mais estragados estão, Nem sustos nem sobressaltos servem sequer de lição. Quem tem medo não... Continue lendo →

TIMIDEZ – CECÍLIA MEIRELES

Basta-me um pequeno gesto,feito de longe e de leve,para que venhas comigoe eu para sempre te leve.... - mas só esse eu não farei. Uma palavra caídadas montanhas dos instantesdesmancha todos os marese une as terras mais distantes... - palavra... Continue lendo →

OBRIGADO – PEDRO HOMEM DE MELLO

Por teu sorriso anônimo, discreto,(O meu país é um reino sossegado...) Pela ausência da carne em teu afeto,Obrigado! Pelo perdão que o teu olhar resume,Por tua formosura sem pecado,Por teu amor sem ódio e sem ciúme,Obrigado! Por no jardim da... Continue lendo →

O MAPA – MÁRIO QUINTANA

Olho o mapa da cidadeComo quem examinasseA anatomia de um corpo... (E nem que fosse o meu corpo!) Sinto uma dor infinitaDas ruas de Porto AlegreOnde jamais passarei... Ha tanta esquina esquisita,Tanta nuança de paredes,Ha tanta moca bonitaNas ruas que... Continue lendo →

ODE À POESIA – NERUDA

Perto de cinqüenta anoscaminhandocontigo, Poesia.A princípiome emaranhavas os pése eu caía de bruçossobre a terra escuraou enterrava os olhosna poçapara ver as estrelas.Mais tarde te apertastea mim com os dois braços da amantee subistepelo meu sanguecomo uma trepadeira.E logote transformaste... Continue lendo →

AMAR – DRUMMOND

Que pode uma criatura senão,entre criaturas, amar?amar e esquecer, amar e malamar,amar, desamar, amar?sempre, e até de olhos vidrados, amar? Que pode, pergunto, o ser amoroso,sozinho, em rotação universal,senão rodar também, e amar?amar o que o mar traz à praia,o... Continue lendo →

MOTIVO DA ROSA – CECÍLIA MEIRELES

Não te aflijas com a pétala que voa:também é ser, deixar de ser assim. Rosas verá, só de cinzas franzida,mortas, intactas pelo teu jardim. Eu deixo aroma até nos meus espinhosao longe, o vento vai falando de mim. E por... Continue lendo →

A VIDA – FLORBELA ESPANCA

É vão o amor, o ódio, ou o desdém;Inútil o desejo e o sentimento...Lançar um grande amor aos pés de alguémO mesmo é que lançar flores ao vento! Todos somos no mundo "Pedro Sem",Uma alegria é feita dum tormento,Um riso... Continue lendo →

SÍSIFO – MIGUEL TORGA

Recomeça.... Se puderesSem angústiaE sem pressa.E os passos que deres,Nesse caminho duroDo futuroDá-os em liberdade.Enquanto não alcancesNão descanses.De nenhum fruto queiras só metade. E, nunca saciado,Vai colhendo ilusões sucessivas no pomar.Sempre a sonhar e vendoO logro da aventura.És homem, não... Continue lendo →

MOTIVO – CECÍLIA MEIRELES

Eu canto porque o instante existee a minha vida está completa.Não sou alegre nem sou triste:sou poeta. Irmão das coisas fugidias,não sinto gozo nem tormento.Atravesso noites e diasno vento. Se desmorono ou se edifico,se permaneço ou me desfaço,- não sei,... Continue lendo →

NÃO TE QUERO SENÃO PORQUE TE QUERO – NERUDA

Não te quero senão porque te queroe de querer-te a não querer-te chegoe de esperar-te quando não te esperopassa meu coração do frio ao fogo. Quero-te apenas porque a ti eu quero,a ti odeio sem fim e, odiando-te, te suplico,e... Continue lendo →

AS SEM RAZÕES DO AMOR – DRUMMOND

Eu te amo porque te amo.Não precisas ser amante,e nem sempre sabes sê-lo.Eu te amo porque te amo.Amor é estado de graçae com amor não se paga. Amor é dado de graça,é semeado no vento,na cachoeira, no eclipse.Amor foge a... Continue lendo →

A LUCIDEZ PERIGOSA – LISPECTOR

Estou sentindo uma clareza tão grandeque me anula como pessoa atual e comum:é uma lucidez vazia, como explicar?assim como um cálculo matemático perfeitodo qual, no entanto, não se precise. Estou por assim dizervendo claramente o vazio.E nem entendo aquilo que... Continue lendo →

DA MINHA ALDEIA VEJO QUANTO DA TERRA SE PODE VER DO UNIVERSO… – PESSOA

Da minha aldeiavejo quanto da terra se pode ver o Universo....Por isso a minha aldeia é grande como outra qualquerPorque eu sou do tamanho do que vejoE não do tamanho da minha altura...Nas cidades a vidaé mais pequenaQue aqui na... Continue lendo →

TERRA – FERNANDO NAMORA

Onde ficava o mundo?Só pinhais, matos, charnecas e milhopara a fome dos olhos.Para lá da serra, o azul de outra serra e outra serra ainda.E o mar? E a cidade? E os Rios?Caminhos de pedra, sulcados, curtos e estreitos,onde chiam... Continue lendo →

SE ALGUMA VEZ, NOS SALÕES DE UM PALÁCIO – BAUDELAIRE

Se alguma vez, nos salões de um palacio, sobre a erva de uma vala ou na solidão morna do vosso quarto, acordardes de uma embriaguez evanescente ou desaparecida, perguntai ao vento, a vaga, ao passaro, ao relogio, a tudo o... Continue lendo →

VEM, SERENIDADE – RAUL DE CARVALHO

Vem, serenidade!Vem cobrir a longafadiga dos homens,este antigo desejo de nunca ser feliza não ser pela dupla humidade das bocas. Vem, serenidade!faz com que os beijos cheguem à altura dos ombrose com que os ombros subam à altura dos lábios,faz... Continue lendo →

CORAÇÃO SEM IMAGENS – RAUL DE CARVALHO

Deito fora as imagens,Sem ti para que me servemas imagens? Preciso habituar-mea substituir-tepelo vento,que está em toda a partee cuja direcçãoé igualmente passageirae verídica. Preciso habituar-me ao eco dos teus passosnuma casa deserta,ao trémulo vigor de todos os teus gestosinvisíveis,à... Continue lendo →

A MORTE ABSOLUTA – MANUEL BANDEIRA

Morrer.Morrer de corpo e de alma.Completamente. Morrer sem deixar o triste despojo da carne,A exangue máscara de cera,Cercada de flores,Que apodrecerão – felizes! – num dia,Banhada de lágrimasNascidas menos da saudade do que do espanto da morte. Morrer sem deixar... Continue lendo →

TER OU NÃO TER NAMORADO, EIS A QUESTÃO – ARTUR DA TÁVOLA

Quem não tem namorado é alguém que tirou férias não remunerada de si mesmo. Namorado é a mais difícil das conquistas. Difícil porque namorado de verdade é muito raro. Necessita de adivinhação, de pele, saliva, lágrima, nuvem, quindim, brisa ou... Continue lendo →

SOU UM EVADIDO – PESSOA

Sou um evadido.Logo que nasciFecharam-me em mim,Ah, mas eu fugi. Se a gente se cansaDo mesmo lugar,Do mesmo serPor que não se cansar? Minha alma procura-meMas eu ando a monte,Oxalá que elaNunca me encontre. Ser um é cadeia,Ser eu é... Continue lendo →

SEM REMÉDIO – FLORBELA ESPANCA

Aqueles que me têm muito amorNão sabem o que sinto e o que sou...Não sabem que passou, um dia, a DorÀ minha porta e, nesse dia, entrou. E é desde então que eu sinto este pavor,Este frio que anda em... Continue lendo →

É ASSIM QUE TE QUERO, AMOR – PABLO NERUDA

É assim que te quero, amor,assim, amor, é que eu gosto de ti,tal como te vestese como arranjasos cabelos e comoa tua boca sorri,ágil como a águada fonte sobre as pedras puras,é assim que te quero, amada,Ao pão não peço... Continue lendo →

POEMA DO SILÊNCIO – JOSÉ RÉGIO

Sim, foi por mim que gritei.Declamei,Atirei frases em volta.Cego de angústia e de revolta. Foi em meu nome que fiz,A carvão, a sangue, a giz,Sátiras e epigramas nas paredesQue não vi serem necessárias e vós vedes. Foi quando compreendiQue nada... Continue lendo →

PELA LUZ DOS OLHOS TEUS – VINÍCIUS DE MORAES

Quando a luz dos olhos meusE a luz dos olhos teusResolvem se encontrarAi que bom que isso é meu DeusQue frio que me dá o encontro desse olharMas se a luz dos olhos teusResiste aos olhos meus só pra me... Continue lendo →

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