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AUSÊNCIA – DRUMMOND

Por muito tempo achei que a ausência é falta.E lastimava, ignorante, a falta.Hoje não a lastimo.Não há falta na ausência.A ausência é um estar em mim.E sinto-a, branca, tão pegada, aconchegada nos meus braços,que rio e danço e invento exclamações... Continue lendo →

MÃOS DADAS – DRUMMOND

Não serei o poeta de um mundo caduco.Também não cantarei o mundo futuro.Estou preso à vida e olho meus companheiros.Estão taciturnos mas nutrem grandes esperanças.Entre eles, considero a enorme realidade.O presente é tão grande, não nos afastemos.Não nos afastemos muito,... Continue lendo →

AS SEM-RAZÕES DO AMOR

Eu te amo porque te amo.Não precisas ser amante,e nem sempre sabes sê-lo.Eu te amo porque te amo.Amor é estado de graçae com amor não se paga.Amor é dado de graça,é semeado no vento,na cachoeira, no eclipse.Amor foge a dicionáriose... Continue lendo →

DESTRUIÇÃO, DE DRUMMOND

Os amantes se amam cruelmentee com se amarem tanto não se veem.Um se beija no outro, refletido.Dois amantes que são? Dois inimigos.Amantes são meninos estragadospelo mimo de amar: e não percebemquanto se pulverizam no enlaçar-se,e como o que era mundo... Continue lendo →

AMA-ME, DE HILDA HILST

Aos amantes é lícito a voz desvanecida.Quando acordares, um só murmúrio sobre o teu ouvido:Ama-me. Alguém dentro de mim dirá: não é tempo, senhora,Recolhe tuas papoulas, teus narcisos. Não vêsQue sobre o muro dos mortos a garganta do mundoRonda escurecida?Não... Continue lendo →

BEIJO ETERNO, DE CASTRO ALVES

O poema abaixo é um dos mais importantes exemplares da poesia romântica brasileira. Castro Alves pinta em sua lírica um amor pleno, idealizado e eterno. No entanto, como pertence à terceira fase do Romantismo, Castro Alves já inclui em seus... Continue lendo →

AMAR VOCÊ É COISA DE MINUTOS…, de Paulo Leminski

Os versos livres de Leminski são direcionados diretamente à amada e seguem o tom de uma conversa. Apesar de ser um poema contemporâneo, os versos parecem anacrônicos porque prometem uma fidelidade total e absoluta seguindo os moldes do amor romântico.... Continue lendo →

XXX, DE OLAVO BILAC

O poema de amor provavelmente mais citado de Bilac é Via Láctea, um clássico aprendido nos tempos de escola. Os versos abaixo, no entanto, apesar de pouco conhecidos, são também uma obra prima do autor. O poeta, que atuou como jornalista,... Continue lendo →

SONETO DO AMIGO

Enfim, depois de tanto erro passadoTantas retaliações, tanto perigoEis que ressurge noutro o velho amigoNunca perdido, sempre reencontrado.É bom sentá-lo novamente ao ladoCom olhos que contêm o olhar antigoSempre comigo um pouco atribuladoE como sempre singular comigo.Um bicho igual a... Continue lendo →

SONETO DE SEPARAÇÃO

De repente do riso fez-se o prantoSilencioso e branco como a brumaE das bocas unidas fez-se a espumaE das mãos espalmadas fez-se o espanto.De repente da calma fez-se o ventoQue dos olhos desfez a última chamaE da paixão fez-se o... Continue lendo →

POEMA DE NATAL

Para isso fomos feitos:Para lembrar e ser lembradosPara chorar e fazer chorarPara enterrar os nossos mortos —Por isso temos braços longos para os adeusesMãos para colher o que foi dadoDedos para cavar a terra.Assim será nossa vida:Uma tarde sempre a... Continue lendo →

A UMA MULHER

Quando a madrugada entrou eu estendi o meu peito nu sobre o teu peitoEstavas trêmula e teu rosto pálido e tuas mãos friasE a angústia do regresso morava já nos teus olhos.Tive piedade do teu destino que era morrer no... Continue lendo →

TERNURA

Eu te peço perdão por te amar de repenteEmbora o meu amor seja uma velha canção nos teus ouvidosDas horas que passei à sombra dos teus gestosBebendo em tua boca o perfume dos sorrisosDas noites que vivi acalentadoPela graça indizível... Continue lendo →

SONETO DE CONTRIÇÃO

Eu te amo, Maria, eu te amo tantoQue o meu peito me dói como em doençaE quanto mais me seja a dor intensaMais cresce na minha alma teu encanto.Como a criança que vagueia o cantoAnte o mistério da amplidão suspensaMeu... Continue lendo →

A ROSA DE HIROSHIMA

Pensem nas criançasMudas telepáticasPensem nas meninasCegas inexatasPensem nas mulheresRotas alteradasPensem nas feridasComo rosas cálidasMas oh não se esqueçamDa rosa da rosaDa rosa de HiroximaA rosa hereditáriaA rosa radioativaEstúpida e inválida.A rosa com cirroseA antirrosa atômicaSem cor sem perfumeSem rosa sem... Continue lendo →

A POESIA VANGUARDISTA DE PAULO LEMINSKI, UM DOS POETAS MAIS IMPORTANTES DO BRASIL

Em 44 anos de vida, Paulo Leminski deixou um legado único e sui generis, que o posicionou como um dos poetas mais vanguardistas do Brasil, enquanto os cânones ainda eram muito respeitados. De poeta a tradutor, crítico literário e professor, a... Continue lendo →

EXTRAVIO

Onde começo,onde acabo,se o que está fora está dentrocomo num círculo cujaperiferia é o centro? Estou disperso nas coisas,nas pessoas, nas gavetas:de repente encontro alipartes de mim: risos, vértebras. Estou desfeito nas nuvens:vejo do alto a cidadee em cada esquina... Continue lendo →

LIÇÃO DE UM GATO SIAMÊS

Só agoraseique existe a eternidade:é a duraçãofinitada minha precariedade O tempo forade mimé relativomas não é o tempo vivo:esse é eternoporque efetivo- dura eternamenteenquanto vivo E como não vivoalém do eu vivonão étempo relativo:dura em si mesmoeterno (e transitivo) ...... Continue lendo →

DA INQUIETA ESPERANÇA

Bem sabes Tu, Senhor, que o bem melhor é aquele Que não passa, talvez, de um desejo ilusório. Nunca me dê o Céu... quero é sonhar com ele Na inquietação feliz do Purgatório. ... Mário Quintana (1906-1994) Até mais! Equipe... Continue lendo →

ESPELHO

Por acaso, surpreendo-me no espelho:Quem é esse que me olha e é tão mais velho que eu? (...)Parece meu velho pai - que já morreu! (...)Nosso olhar duro interroga:"O que fizeste de mim?" Eu pai? Tu é que me invadiste.Lentamente,... Continue lendo →

DOS NOSSO MALES

A nós bastem nossos próprios ais, Que a ninguém sua cruz é pequenina. Por pior que seja a situação da China, Os nossos calos doem muito mais... ... Mário Quintana (1906-1994) Até mais! Equipe Tête-à-Tête

A VERDADEIRA ARTE DE VIAJAR

A gente sempre deve sair à rua como quem foge de casa,Como se estivessem abertos diante de nós todos os caminhos do mundo.Não importa que os compromissos, as obrigações, estejam ali...Chegamos de muito longe, de alma aberta e o coração... Continue lendo →

QUEM SABE UM DIA

Quemsabe um diaQuem sabe um seremosQuem sabe um viveremosQuem sabe um morreremos! Quem é queQuem é machoQuem é fêmeaQuem é humano, apenas! Sabe amarSabe de mim e de siSabe de nósSabe ser um! Um diaUm mêsUm anoUm(a) vida! Sentir primeiro,... Continue lendo →

DAS UTOPIAS

Se as coisas são inatingíveis... ora!não é motivo para não querê-las.Que tristes os caminhos, se não foraa mágica presença das estrelas! ... Mário Quintana (1906-1994) Até mais! Equipe Tête-à-Tête

O MONTE E O RIO

Na minha pátria tem um monte.Na minha pátria tem um rio.Vem comigo.A noite sobe ao monte.A fome desce ao rio.Vem comigo.E quem são os que sofrem?Não sei, porém são meus.Vem comigo.Não sei, porém me chamame nem dizem: “Sofremos”Vem comigoE me... Continue lendo →

NOITE NA ILHA

Dormi contigo a noite inteira junto do mar, na ilha.Selvagem e doce eras entre o prazer e o sono,entre o fogo e a água.Talvez bem tarde nossossonos se uniram na altura ou no fundo,em cima como ramos que um mesmo... Continue lendo →

TE AMO

Te amo de uma maneira inexplicável,de uma forma inconfessável,de um modo contraditório.Te amo, com meus estados de ânimo que são muitose mudar de humor continuadamentepelo que você já sabeo tempo,a vida,a morte.Te amo, com o mundo que não entendocom as... Continue lendo →

INTEGRAÇÕES

Depois de tudo te amareicomo se fosse sempre antescomo se de tanto esperarsem que te visse nem chegassesestivesses eternamenterespirando perto de mim.Perto de mim com teus hábitos,teu colorido e tua guitarracomo estão juntos os paísesnas lições escolarese duas comarcas se... Continue lendo →

TENHO FOME DE TUA BOCA

Tenho fome de tua boca, de tua voz, de teu pêloe por estas ruas me vou sem alimento, calado,não me nutri o pão, a aurora me altera,busco o som líquido de teus pés neste dia.Estou faminto de teu riso resvalado,de... Continue lendo →

SONETO LXVI

Não te quero senão porque te queroe de querer-te a não querer-te chegoe de esperar-te quando não te esperopassa meu coração do frio ao fogo.Quero-te apenas porque a ti eu quero,a ti odeio sem fim e, odiando-te, te suplico,e a... Continue lendo →

CEM SONETOS DE AMOR, EXTRATO I

Matilde, nome de planta ou pedra ou vinho,do que nasce da terra e dura,palavra em cujo crescimento amanhece,em cujo estio rebenta a luz dos limões.Nesse nome correm navios de madeirarodeados por enxames de fogo azul-marinho,e essas letras são a água... Continue lendo →

DE TANTO OLHAR O SOL

De tanto olhar o sol,queimei os olhos,De tanto amar a vida enlouqueci.Agora sou no mundo esta negrura.À procuraDa luz e do juízo que perdi. ... Miguel Torga (1907-1995) Até mais! Equipe Tête-à-Tête

HORA DO CANSAÇO – DRUMMOND

A hora do cansaço As coisas que amamos,as pessoas que amamossão eternas até certo ponto.Duram o infinito variávelno limite de nosso poderde respirar a eternidade. Pensá-las é pensar que não acabam nunca,dar-lhes moldura de granito.De outra matéria se tornam, absoluta,numa... Continue lendo →

A (DIVINA) COMÉDIA E A TRAGÉDIA NA VIDA DE DANTE ALIGHIERI

Dante Alighieri é sobejamente conhecido pelo uso do italiano na sua principal obra literária, “Divina Commedia”, idioma que ainda se encontrava em construção na transição entre o século XIII e o XIV. A cidade de Florença viu-o nascer e ser... Continue lendo →

A RUA DOS CATAVENTOS – MÁRIO QUINTANA

Da vez primeira em que me assassinaram,Perdi um jeito de sorrir que eu tinha.Depois, a cada vez que me mataram,Foram levando qualquer coisa minha. Hoje, dos meu cadáveres eu souO mais desnudo, o que não tem mais nada.Arde um toco... Continue lendo →

LOUCURA E POESIA DE MAUPASSANT – POR OTTO MARIA CARPEAUX

“Os personagens de Maupassant, sejam camponeses astutos ou bon-vivants de cartola e bengala, são criaturas primitivas: vítimas do Fado que os manobra, como se são bonecos, pelo fio dos instintos cegos. Lembram os habitantes do segundo círculo do Inferno de Dante, os voluptuosos…O... Continue lendo →

MANOEL DE BARROS, O POETA QUE QUIS RENOVAR O HOMEM USANDO BORBOLETAS

Drummond de Andrade disse, certa vez que não era o maior poeta brasileiro vivo, existia ainda  Manoel Wenceslau Leite de Barros, Manoel de Barros o poeta das “desimportâncias”. Manoel de Barros, esse homem que só queria “fazer brinquedos com as palavras”,... Continue lendo →

ELEGIA 1938 – DRUMMOND

Trabalhas sem alegria para um mundo caduco,onde as formas e as nações não encerram nenhum exemplo.Praticas laboriosamente os gestos universais,sentes calor e frio, falta de dinheiro, fome e desejo sexual. Heróis enchem os parques da cidade em que te arrastas,e... Continue lendo →

NÃO É EM MIM O MENOR HORROR

Não é em mim o menor horrorA consciência da minha inconsciênciaDo automatismo sobrenaturalQue eu sou, círculo, de (...) sensaçõesRodando sempre, sempre equidistanteDo centro inatingível do meu ser. ... Fernando Pessoa (1888-1935) Até mais! Equipe Tête-à-Tête

AS REFERÊNCIAS DA VIDA E DA OBRA DE BOCAGE

Manuel Maria de Barbosa Du Bocage, setubalense de gema, é um dos grandes nomes da poesia portuguesa. Inspirado pela cultura antiga e com muitos traços da obra de Luís de Camões, o poeta teve uma vida atribulada que pode ser... Continue lendo →

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