O existencialismo é uma das correntes filosóficas mais influentes do século XX. Nascido do desejo de compreender a condição humana, ele parte de uma constatação simples e perturbadora: o ser humano está lançado no mundo, cercado por incertezas, e precisa lidar com a angústia de existir. Porém, os filósofos que trilharam esse caminho chegaram a conclusões diferentes sobre como superar essa angústia — e é justamente aí que se dividem em dois grandes ramos: o existencialismo cristão e o existencialismo ateu.
Existencialismo Cristão: a liberdade que aponta para Deus
O dinamarquês Søren Kierkegaard (século XIX), considerado o “pai do existencialismo”, é a principal referência desse ramo. Para ele, o homem é um ser livre, mas essa liberdade o coloca diante de escolhas que inevitavelmente geram angústia. Essa angústia, porém, não é apenas um fardo: ela revela nossa necessidade de buscar um sentido maior, algo que nos transcenda.
No existencialismo cristão, a verdadeira essência do homem só se encontra em Deus. Kierkegaard falava no “salto de fé”: diante da incerteza da vida, a entrega confiada a Deus é o caminho para superar o desespero. Mais tarde, filósofos como Gabriel Marcel reforçaram a ideia de que a relação com o divino é essencial para que a liberdade humana não se torne um peso insuportável.
Em resumo: para o existencialismo cristão, a liberdade é real, mas encontra seu sentido último em Deus.
Existencialismo Ateu: liberdade radical e sem garantias
Do outro lado, temos nomes como Jean-Paul Sartre e Albert Camus, que rejeitaram a ideia de Deus como fundamento da existência. Para eles, o homem nasce sem essência prévia: primeiro existe, depois se define. Isso significa que cada pessoa é totalmente responsável por criar seu próprio sentido de vida.
Essa liberdade absoluta, no entanto, não é fácil de carregar. Sem um sentido dado por Deus ou pela tradição, o homem se vê condenado à angústia da escolha permanente. Sartre afirmava que “o homem está condenado a ser livre”, pois, mesmo sem querer, sempre escolhe. Já Camus via a vida como essencialmente absurda, sem um propósito último — mas, ainda assim, defendia que devemos vivê-la plenamente, encontrando valor no próprio ato de existir.
Em resumo: no existencialismo ateu, a liberdade é total, mas também solitária e sem garantias transcendentais.
O ponto em comum: a angústia como chave da existência
Apesar das diferenças, tanto o existencialismo cristão quanto o ateu partem da mesma experiência fundamental: a angústia humana diante da liberdade e da incerteza. A questão está em como respondemos a ela.
- Para os cristãos, a resposta está em Deus.
- Para os ateus, a resposta depende apenas de nós mesmos.
Conclusão
O existencialismo nos convida a encarar de frente o mistério de existir. Seja pela fé em Deus, seja pela responsabilidade radical de nossas escolhas, essa filosofia continua atual porque toca naquilo que nos torna humanos: a busca por sentido.
Até mais!
Tête-à-Tête

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