Desde sua estreia em 2016, Stranger Things conquistou o público com uma mistura irresistível de nostalgia oitentista, suspense sobrenatural e amizade juvenil. A série criada pelos irmãos Duffer não é apenas uma homenagem aos anos 80 — ela é um verdadeiro mosaico de referências culturais, cinematográficas, musicais e visuais que ajudam a contar uma história nova a partir de elementos antigos.

Muitas dessas referências são óbvias: E.T., Os Goonies, Stephen King, Dungeons & Dragons. Mas há outras mais sutis, quase escondidas, que escapam até dos fãs mais atentos. Neste artigo, vamos revelar algumas referências culturais escondidas em Stranger Things que você provavelmente não percebeu — mas que tornam a série ainda mais rica e divertida de assistir.


🎬 1. A abertura é um tributo direto à obra de Stephen King

A fonte usada nos créditos de abertura da série é chamada ITC Benguiat, a mesma usada em muitas capas dos livros de Stephen King publicados nos anos 80. A escolha não é acidental: os irmãos Duffer já declararam que King foi uma das maiores inspirações da série. O visual sombrio, o clima de cidade pequena com segredos sombrios e até o grupo de amigos enfrentando um mal sobrenatural são marcas registradas do autor.

📌 Curiosidade: o próprio Stephen King elogiou a série no Twitter logo após o lançamento da primeira temporada.


🎥 2. A câmera em primeira pessoa no laboratório lembra Alien e Jogos de Guerra

Em várias cenas ambientadas no Laboratório Nacional de Hawkins, os ângulos de câmera e o uso de planos longos remetem ao clássico Alien – O Oitavo Passageiro (1979) e ao filme WarGames (Jogos de Guerra, 1983), onde a tecnologia e os corredores metálicos criam uma sensação claustrofóbica e ameaçadora. É uma forma visual de sugerir que a ameaça não vem só de monstros — mas também da ciência descontrolada e da paranoia governamental.


📼 3. Nancy, Steve e Jonathan reconstituem o trio de A Hora do Pesadelo

Na 1ª temporada, Nancy, Steve e Jonathan se unem para enfrentar o Demogorgon usando armadilhas caseiras. Essa trama remete diretamente a A Hora do Pesadelo (1984), onde adolescentes tentam derrotar Freddy Krueger com armadilhas improvisadas. Até o ritmo das cenas e a iluminação têm tons semelhantes. E vale lembrar: o ator Robert Englund (Freddy) aparece na 4ª temporada como Victor Creel — uma referência que fecha o ciclo.


🎸 4. A guitarra de Eddie é um ícone do metal oitentista

Na icônica cena do episódio final da 4ª temporada, Eddie Munson toca “Master of Puppets” do Metallica com uma guitarra B.C. Rich Warlock, famosa por ter sido usada por músicos de metal como Slash, Kerry King (Slayer) e Lita Ford. A cena, além de catártica, funciona como homenagem ao metal oitentista e à subcultura dos outsiders que viviam à margem dos populares da escola.

🎧 Dica de playlist: “Stranger Things Metal Vibes” no Spotify tem todas as músicas do Eddie e outras do mesmo estilo.


🧟 5. Vecna é um vilão que mistura Hellraiser, Freddy e D&D

Vecna, o vilão introduzido na 4ª temporada, é uma criação original inspirada em muitos monstros da cultura pop. Sua aparência lembra Pinhead, de Hellraiser (1987), e seu método de matar remete a Freddy Krueger, que também invadia as mentes de suas vítimas. O nome “Vecna”, no entanto, vem de um personagem clássico do RPG Dungeons & Dragons, descrito como um mago lich que se transformou em uma divindade maligna.


📺 6. A loja Family Video é um aceno aos tempos pré-Netflix

Introduzida na 3ª temporada, a loja Family Video onde Steve e Robin trabalham realmente existiu nos Estados Unidos e foi rival da Blockbuster. A ambientação é extremamente fiel, com pôsteres originais, filmes em VHS e sistema de aluguel por fichas. Além de nostalgia, a loja representa a última era do entretenimento físico, antes do mundo se digitalizar por completo.

📼 Observação divertida: muitos dos filmes que aparecem nas prateleiras são inspirações diretas para episódios da série.


🎭 7. A estética de Eleven na 2ª temporada homenageia Carrie, a Estranha

No episódio “The Lost Sister”, da 2ª temporada, Eleven aparece com jaqueta preta, olhos maquiados e cabelo penteado para trás — visual que lembra o momento de virada de Carrie White no clássico de 1976 (Carrie, a Estranha). Ambas são adolescentes com poderes psíquicos que enfrentam o bullying e carregam um passado traumático.

Além do visual, a própria narrativa da “jovem isolada que descobre seus poderes e decide usá-los contra quem a oprimia” é paralela entre as duas obras.


🕹️ 8. Arcades, trilhas sonoras e fliperamas: um mergulho na cultura geek dos anos 80

Jogos como Dig Dug, Dragon’s Lair e Centipede não aparecem por acaso. O fliperama frequentado por Max, Lucas e Dustin na 2ª temporada é uma réplica de um arcade típico de 1984, com jogos, sons e pôsteres originais da época. A ambientação reforça o cenário em que a cultura nerd ainda era marginalizada, mas estava prestes a virar mainstream — algo que Stranger Things ajuda a celebrar.


📚 9. Títulos dos episódios escondem homenagens literárias e cinematográficas

Os títulos de vários episódios fazem referência direta a clássicos da literatura e do cinema:

  • “The Vanishing of Will Byers” lembra o filme The Vanishing (1988).
  • “The Lost Sister” remete a Lost Girls, HQ de Alan Moore.
  • “Dear Billy” pode ser uma alusão ao tom emocional de cartas de guerra dos anos 80.
  • “The Piggyback” tem relação direta com um truque mental usado em episódios de ficção científica.

Muitos desses títulos são pistas narrativas e homenagens embutidas em camadas sutis.


👟 10. Até os tênis contam histórias

Os figurinos da série são meticulosamente construídos. Um detalhe curioso: os personagens principais usam modelos de tênis e roupas autênticos da década de 1980. Mike e Dustin, por exemplo, usam Nike Cortez e Converse Chuck Taylor, calçados icônicos da época. Esse cuidado com o figurino ajuda a criar uma imersão visual e emocional no período.


🎞️ 11. O mundo invertido é o lado sombrio do imaginário pop

O Upside Down, ou Mundo Invertido, é mais do que um lugar assustador. Ele funciona como uma metáfora de tudo que era reprimido, esquecido ou suprimido nos anos 80: o medo da Guerra Fria, os traumas psicológicos não tratados, o bullying, a repressão sexual, o luto. É como se o lado sombrio da cultura pop fosse personificado em uma dimensão paralela — com visual escuro, poeira no ar e monstros invisíveis que só se revelam quando o medo é encarado de frente.


📍 Conclusão: Stranger Things é mais do que nostalgia

Parte do sucesso de Stranger Things está na sua habilidade de contar uma boa história enquanto homenageia dezenas de outras. Assistir à série é como abrir uma cápsula do tempo: cada episódio carrega ecos de livros, filmes, músicas, roupas e sentimentos de uma época que moldou a cultura pop moderna.

As referências são tantas — e tão bem integradas — que a série não se resume a um “pastiche”. Ela é uma reinvenção, um remix criativo, um diálogo entre gerações. E é justamente isso que a torna tão envolvente: mesmo que você não tenha vivido os anos 80, Stranger Things faz com que você os sinta — e, talvez, deseje ter estado lá.


💡 Dica para os fãs mais atentos:

Na próxima vez que assistir ou reassistir à série, preste atenção ao fundo, aos figurinos, aos pôsteres nas paredes, à trilha sonora e aos títulos dos episódios. Cada detalhe pode esconder uma nova referência — e um novo motivo para se apaixonar por Hawkins.


Até mais!

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