O romance É Assim que Acaba, de Colleen Hoover, traduzido por Priscila Catão, é uma obra que vai além de um simples romance contemporâneo, abordando temas profundos como relacionamentos abusivos, traumas familiares e superação. Publicado originalmente em 2016, o livro conquistou uma legião de leitores pelo seu enredo envolvente e pela sensibilidade com que trata assuntos delicados.


A história acompanha Lily Bloom, uma jovem empreendedora que carrega cicatrizes de uma infância marcada por violência doméstica. Ao se mudar para Boston e abrir sua própria floricultura, Lily conhece Ryle Kincaid, um neurocirurgião charmoso e bem-sucedido, por quem se apaixona intensamente. No entanto, conforme o relacionamento avança, Ryle demonstra comportamentos agressivos que colocam Lily em uma posição dolorosamente familiar, forçando-a a confrontar seu passado e suas crenças sobre o amor.

Um dos pontos mais fortes do livro é a forma como Hoover constrói a complexidade dos personagens. Lily é uma protagonista cativante e realista, cujas decisões são influenciadas por experiências passadas e pelo desejo de encontrar felicidade sem repetir os erros de sua mãe. Ryle, por outro lado, não é retratado como um vilão unidimensional; ele tem qualidades que fazem com que sua relação com Lily pareça inicialmente perfeita, tornando o desenrolar da trama ainda mais impactante.

O livro também introduz Atlas Corrigan, o primeiro amor de Lily, que retorna à sua vida em um momento crucial. Atlas simboliza o amor genuíno e a segurança que Lily sempre buscou, criando um triângulo emocional que ressoa profundamente com o leitor. A narrativa intercala trechos do diário de Lily, escritos na adolescência, que adicionam uma camada de profundidade à história e ajudam a compreender a conexão entre ela e Atlas.

O grande mérito de É Assim que Acaba está na maneira como Hoover aborda a violência doméstica sem romantizá-la. O livro não oferece soluções fáceis, mas expõe as dificuldades emocionais enfrentadas por vítimas que hesitam em deixar relacionamentos abusivos. A autora baseou a trama em experiências pessoais de sua mãe, o que confere autenticidade e peso emocional ao enredo.

No entanto, algumas críticas podem ser feitas à obra. O estilo de escrita de Hoover, embora acessível e fluído, pode parecer simplista para leitores que preferem narrativas mais sofisticadas. Além disso, algumas reviravoltas parecem previsíveis, especialmente para aqueles familiarizados com o gênero. Mesmo assim, o impacto emocional do livro compensa essas pequenas falhas.


O desfecho é poderoso e transmite uma mensagem de empoderamento e resiliência. É Assim que Acaba não é apenas um romance, mas uma reflexão sobre a coragem necessária para romper ciclos de abuso e priorizar o amor próprio. Recomenda-se a leitura para aqueles que buscam uma história intensa e tocante, que provoca discussões relevantes sobre relacionamentos e superação.


Até mais!

Equipe Tête-à-Tête