Publicado em 2012, Todo Dia, de David Levithan, é um romance original e envolvente que mistura elementos de fantasia e reflexão filosófica . O livro explora questões de identidade, amor e conexão humana por meio de uma narrativa única e instigante. Levithan nos apresenta um protagonista fora do comum, chamado “A”, cuja vida é marcada por uma característica extraordinária: acorda todos os dias em um corpo diferente.
Com uma escrita delicada e temas universais, Todo Dia cativa leitores de todas as idades, incentivando reflexões profundas sobre o que realmente define quem somos e como nos conectamos com os outros.
Uma Premissa
A história é narrada pelo ponto de vista de “A”, identidade que não possui corpo ou gênero, e que vive uma existência peculiar: a cada dia, acorda no corpo de uma pessoa diferente, sempre alguém da mesma faixa etária e relativamente próximo geograficamente. A vida dessas pessoas continua normalmente após A partir, mas por 24 hora ssuas rotinas são compartilhadas com esse ser que tenta ao máximo não interferir em suas vidas.
Tudo muda quando A acorda no corpo de Justin, um adolescente comum que tem uma namorada chamada Rhiannon. Apesar de Justin ser apático e um pouco gentil com ela, A sente uma conexão instantânea com Rhiannon e, pela primeira vez, decide quebrar suas próprias regras, aproximando-se dela e tentando criar um vínculo mais duradouro.
O Protagonista: A Singularidade de “A”
“A” é um dos personagens mais fascinantes da literatura jovem. Por não ter uma forma física fixa, gênero ou mesmo uma identidade definida, A representa uma abstração da experiência humana. Apesar de suas expectativas, A é extremamente humano em seus pensamentos, sentimentos e anseios. Suas reflexões sobre a vida, o amor e a moralidade oferecem insights profundos sobre a condição humana.
A luta de A para se conectar com Rhiannon e lidar com as limitações de sua existência é o coração da narrativa. Levithan utiliza essa singularidade para desafiar conceitos tradicionais de identidade e explorar o que realmente nos torna humanos. Afinal, somos mais do que nossos corpos, rótulos ou rótulos.
Rhiannon: A Representação do Cotidiano
Rhiannon é a âncora emocional da história, representando o “normal” em contraste com a vida extraordinária de A. Ela é uma adolescente com inseguranças, sonhos e dúvidas comuns, mas seu relacionamento problemático com Justin a torna uma figura complexa. A conexão que ela sente com A leva a questionar suas próprias ideias sobre amor e identidade, especialmente quando precisa lidar com a natureza mutável de A.
Rhiannon é uma personagem cativante porque suas reações são realistas e relacionáveis. Sua jornada emocionante ao longo do livro reflete os desafios de aceitar o desconhecido e amar alguém além das aparências.
Temas Centrais
Identidade
O livro questiona os limites da identidade e como ela é moldada por fatores como corpo, gênero e situações sociais. A fluidez de A desafia rótulos e nos faz refletir sobre como enxergamos e julgamos os outros. Levithan sugere que a essência de quem somos vai além das características externas.
Amor
Todo Dia oferece uma visão única do amor, que transcende barreiras físicas e sociais. A relação entre A e Rhiannon é um estudo sobre o que significa amar alguém por quem ele é, independentemente de sua aparência ou situação.
Empatia
A existência de A depende da empatia, pois A precisa entender e respeitar a vida das pessoas em cujos corpos habitam. Isso cria um contraste com muitos dos personagens secundários, que muitas vezes são indiferentes ao impacto de suas ações nos outros.
A Escrita de David Levithan
Levithan tem um estilo de escrita poético e reflexivo que combina perfeitamente com a natureza introspectiva de A. Ele equilibra momentos de simplicidade emocional com passagens profundamente filosóficas, criando uma narrativa que é tanto acessível quanto complexa. O autor também demonstra habilidade em desenvolver uma trama que mistura fantasia com realismo de maneira orgânica.
Cada capítulo do livro traz novos desafios e reflexões para A, e Levithan utiliza essas mudanças para explorar temas variados, como sexualidade, saúde mental e desigualdade social. Essa abordagem multifacetada mantém o ritmo da história e torna o mundo de A rico e diversificado.
Pontos Fortes
Originalidade
A locação de Todo Dia é extremamente original, destacando-se no gênero de literatura jovem. A ideia de um protagonista que vive em diferentes corpos a cada dia é explorada de forma criativa e sensível, sem cair em clichês.
Reflexões Filosóficas
Levithan usa a história de A para fazer perguntas profundas sobre o que significa ser humano. Essa camada filosófica adiciona profundidade ao livro e o torna mais do que apenas uma história de amor.
Empatia
A narrativa promove uma compreensão mais profunda da diversidade humana, ao mostrar como cada pessoa tem uma história única e desafios próprios.
Pontos Fracos
Apesar de sua originalidade e profundidade, Todo Dia apresenta algumas limitações:
Personagens Secundários Pouco Desenvolvidos. Embora A e Rhiannon sejam bem construídos, muitos dos personagens secundários aparecem brevemente e não têm espaço para serem totalmente desenvolvidos. Isso é devido à estrutura do livro, mas pode deixar o leitor saber mais sobre as pessoas que A habita.
Fim Aberto. O final de Todo Dia é intencionalmente ambíguo, o que pode frustrar os leitores que preferem resoluções claras. No entanto, essa escolha reforça o tom reflexivo da obra e deixa espaço para interpretações.
Impacto Cultural e Relevância
Todo Dia teve um impacto significativo ao abordar temas como identidade em uma época em que esses tópicos foram abordados para ganhar mais atenção na cultura popular. O livro foi adaptado para o cinema em 2018, levando a história a um público ainda maior e ampliando os debates que ela suscita.
Além disso, Todo Dia é uma obra importante para jovens leitores, pois promove empatia e compreensão das diferenças, ajudando a desconstruir preconceitos e estereótipos.
Reflexões Finais
Todo Dia é uma obra que combina originalidade, emoção e profundidade filosófica. David Levithan entrega uma história que desafia convenções e convida o leitor a refletir sobre questões fundamentais da vida e do amor. A jornada de A é, ao mesmo tempo, singular e universal, pois nos lembra de que, no fundo, todos buscamos conexão e significado.
Embora tenha algumas limitações, como a falta de desenvolvimento de personagens secundários, o livro compensa com suas mensagens impactantes. Todo Dia é uma leitura essencial para quem busca histórias que vão além do entretenimento, tocando o coração e a mente.
Com suas reflexões sobre identidade, amor e empatia, Todo Dia se torna mais do que um romance jovem — é uma celebração da humanidade em toda a sua complexidade e diversidade.
Até mais!
Benhur/Equipe Tête-à-Tête

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