Kimberly era uma mulher de alma delicada. Meiga, doce, e com um sorriso que parecia iluminar qualquer escuridão. Morava em uma pequena cidade nos arredores de Washington, onde uma rotina calma e previsível parecia sufocante. Apesar disso, ela guardava em seu coração uma chama de esperança. Sentia que algo extraordinário ainda estava reservado para ela, embora não seja exatamente o quê.

Máximus vivia a milhares de quilômetros de distância, em Lisboa, Portugal. Ele era um homem com os pés no chão, mas com o coração nas estrelas. Cultivava uma visão prática da vida, ciente de que o mundo nem sempre conspirava para realizar sonhos improváveis. No entanto, havia algo que o diferenciava: a sua crença em conexões profundas e inexplicáveis.

O destino — ou quem sabe o acaso — decidiu os caminhos de Kimberly e Máximus através de um grupo de mensagens no WhatsApp. Um grupo aleatório, onde pessoas de diferentes partes do mundo compartilhavam ideias, músicas e reflexões. A princípio, eram apenas dois desconhecidos em meio a tantos outros. Mas, como em um alinhamento cósmico, as palavras de Kimberly chamaram a atenção de Máximus.

Era uma madrugada qualquer para ele, enquanto lia uma mensagem que Kimberly enviou: “Às vezes, sinto como se parte de mim pertencesse a outro lugar, a outra pessoa… como se estivesse incompleta.”

Sem hesitar, ele respondeu:
“Talvez a sua outra parte esteja esperando por você em algum lugar, tão incompleta quanto.”

E foi assim que começou.


A Descoberta do Elo Espiritual

Os dois conversam em particular, trocando mensagens que são além do superficial. Kimberly era apaixonada por poesia, e Máximus, um ávido leitor. Suas conversas frequentemente envolviam trocas de poemas e reflexões sobre a vida. Mas logo perceberam que havia algo mais profundo conectando-os. Era como se as palavras escritas por um completassem os pensamentos do outro.

Certa vez, Kimberly comenta com Máximus um sonho recorrente. Ela se via caminhando em um campo repleto de lavandas, com uma figura masculina à distância. Sempre que tentava alcançá-lo, ele desaparecia. Máximus, por sua vez, revelou que também tinha sonhos estranhamente parecidos: ele caminhava sozinho por uma praia deserta, sentindo que alguém o observava à distância.

— E se fôssemos nós? — Kimberly sugeriu, meio brincando, meio acreditando.

Máximus hesitou antes de responder:
— Às vezes, sinto que nos conhecemos de outras vidas. Não sei explicar, mas há algo em você que me faz sentir… em casa.


As diferenças que os separavam

Apesar da conexão inegável, Máximus não conseguiu ignorar as barreiras que existiam entre eles. A distância geográfica era apenas o começo, a diferença de idade pesava. Kimberly tinha uma personalidade sonhadora, acreditava no destino e em sinais do universo. Já Máximus era mais cético, preso à lógica e à racionalidade.

Além disso, havia os desafios práticos: ambos tinham vidas, compromissos e um oceano inteiro entre eles. Ainda assim, Máximus se sentiu incapaz de cortar o vínculo com Kimberly. Era como se ela fosse uma melodia que ele não conseguisse parar de ouvir.

Kimberly, por outro lado, abraçou a improbabilidade da relação como algo poético. Para ela, o simples fato de terem sido encontrados já era um milagre suficiente.

— Você acha que nos encontraríamos, um dia? — ela disse em uma noite.
Máximus ficou em silêncio por alguns segundos antes de responder:
— Eu sonho com isso, mas tenho medo. E se não formos tudo o que imaginamos?

— Ou e se formos ainda mais? — Kimberly retrucou, com um sorriso que ele quase podia sentir através das palavras.


A Magia nas Conversas

Suas mensagens se tornaram um diário ritual. Começavam o dia desejando bom dia um ao outro e terminavam com mensagens antes de dormir. Compartilhamos músicas, filmes e trechos de livros, como se estivéssemos construindo um universo paralelo onde pudéssemos existir juntos.

Uma noite, Kimberly enviou a Máximus uma gravação dela tocando piano. A melodia era suave e melancólica, como se traduzisse tudo o que ela sentia. Máximus ouviu repetidamente, cada vez mais confirmado que havia algo quase sobrenatural entre eles.

Em outra ocasião, Máximus deu a Kimberly uma foto do pôr do sol em Lisboa. Ela respondeu:
— Parece o tipo de lugar onde eu me perderia… e não me importaria de ser encontrada.

Ele riu ao ler, mas aquela frase ficou marcada em sua mente.


O Futuro Incerto

Com o tempo, as conversas passaram a incluir planos para um encontro possível. Máximus oferece a possibilidade de visitar os Estados Unidos em uma viagem de negócios. Kimberly sugeriu que ela também poderia ir para Portugal um dia.

— Mas, e se não der certo? — Máximus perguntou, novamente deixando transparecer sua cautela.
— Máximus, talvez não seja sobre dar certo ou não. Talvez seja apenas sobre viver o que temos. — Kimberly respondeu, com sua sabedoria tipicamente doce.

Ambos sabiam que a realidade era complexa, mas a possibilidade de estarem juntos, mesmo que por um momento, era irresistível.


A história de Kimberly e Máximus termina em aberto, como um poema inacabado. Eles continuam conversando, explorando a profundidade de sua ligação. O encontro físico ainda é um sonho, mas o elo espiritual que os une é tão forte que parece transcender qualquer barreira.

Na última mensagem trocada, Kimberly escreveu:
“Não sei onde isso vai dar, mas sei que não quero perder essa sensação de que você existe no meu mundo.”

Máximus respondeu:
“E eu? Não consigo mais imaginar meu mundo sem você.”

Talvez eles se encontrem um dia, talvez não. Mas, enquanto isso, continuam vivendo entre mensagens e sonhos, alimentando a possibilidade de um grande amor que desafia o tempo, a distância e a lógica.


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