A crescente influência de movimentos feministas e a pressão cultural para reavaliar papéis de gênero têm trazido à tona questões complexas sobre o lugar da masculinidade no mundo contemporâneo. Jordan Peterson, psicólogo clínico e escritor, é uma das vozes mais proeminentes a debater essas mudanças, destacando os perigos que, em sua visão, a repressão das expressões masculinas pode causar tanto para os indivíduos quanto para a sociedade em geral. Em seu trabalho, Peterson argumenta que suprimir traços característicos do masculino é prejudicial e aponta para o risco de criar uma geração de homens desconectados de seus potenciais e de seus papéis sociais.
A repressão da masculinidade e o problema da “masculinidade tóxica”
Um dos argumentos mais notáveis de Peterson é sobre a maneira como o conceito de “masculinidade tóxica” foi amplamente difundido. Segundo ele, o termo acabou sendo usado de forma a colocar toda e qualquer característica masculina sob suspeita. O psicólogo argumenta que características como a agressividade, a competitividade e a busca pela assertividade, que são naturais e até necessárias em muitas situações, são vilipendiadas como intrinsecamente negativas. Para Peterson, a solução para os problemas da sociedade não passa por erradicar a masculinidade, mas sim por canalizá-la de forma construtiva.
Ele defende que os homens devem ser incentivados a desenvolver autocontrole e direção, em vez de serem ensinados a renunciar às suas características naturais. Essa repressão da masculinidade, na visão de Peterson, leva à confusão sobre o papel do homem, o que pode gerar uma profunda crise de identidade. Em última análise, ele argumenta que homens desorientados e que negam suas próprias naturezas não são benéficos para a sociedade.
A importância do papel masculino na proteção e liderança
Peterson também enfatiza que a masculinidade tem seu valor em aspectos essenciais para a sociedade, como a proteção e a liderança. Desde tempos imemoriais, os homens têm sido responsáveis por enfrentar situações perigosas e assegurar a sobrevivência de grupos e comunidades. Ele ressalta que características como coragem, força física e resistência mental são não apenas desejáveis, mas necessárias para tarefas que exigem risco e proteção.
Em ambientes como as forças armadas, equipes de resgate e setores da construção, os traços masculinos desempenham papéis críticos, como explica o psicólogo. Peterson observa que os homens são, em geral, mais propensos a escolher profissões e ocupações perigosas, o que é muitas vezes ignorado nas discussões atuais sobre igualdade de gênero. Esses papéis fundamentais não devem ser vistos como irrelevantes ou ultrapassados, mas sim reconhecidos como indispensáveis para o bem-estar social e para a manutenção das condições de vida de todos.
A perda de virilidade e o impacto psicológico
Peterson é enfático em afirmar que a repressão da masculinidade tem impactos psicológicos profundos e nocivos para os homens. Ele alerta para a crescente epidemia de depressão, ansiedade e crises existenciais entre os jovens, uma tendência que, segundo ele, está diretamente ligada à falta de orientação sobre o que significa ser homem na sociedade atual. Com a perda gradual da virilidade, homens estão se tornando mais vulneráveis à falta de propósito e direção, o que afeta sua saúde mental e emocional.
A crise da masculinidade também está ligada, segundo Peterson, ao fato de que muitos homens se sentem alienados e rejeitados. A pressão para evitar comportamentos tradicionalmente masculinos pode gerar uma sensação de inadequação e culpa, levando muitos a uma repressão interna que se traduz em doenças mentais. Ele defende que a sociedade deve fornecer orientações para que esses jovens homens possam canalizar sua energia de forma positiva e construtiva, promovendo o desenvolvimento pessoal e comunitário.
A importância da figura paterna
Outro ponto central para Peterson é o papel do pai na formação de jovens. Ele acredita que a ausência da figura paterna é um fator importante que contribui para a crise da masculinidade. Em suas observações, o psicólogo aponta que os pais desempenham um papel essencial na transmissão de valores e na educação de meninos sobre disciplina, coragem e responsabilidade. Ele argumenta que muitos problemas que os jovens enfrentam atualmente, como a falta de autoestima e a tendência ao isolamento, estão relacionados com a ausência de figuras paternas presentes e ativas.
Para Peterson, o enfraquecimento da masculinidade começa com a desvalorização do papel do pai. Na sua visão, quando os meninos são privados desse modelo, eles perdem a chance de desenvolver um senso de identidade e propósito, o que pode resultar em comportamentos destrutivos e autodestrutivos. Nesse contexto, é fundamental promover o papel dos pais na educação, em vez de desencorajar a presença masculina ativa.
A necessidade de equilíbrio entre masculinidade e feminilidade
Peterson não defende um retorno a papéis de gênero rígidos ou ultrapassados, mas sim a busca por um equilíbrio saudável entre as energias masculinas e femininas. Ele acredita que, para uma sociedade ser verdadeiramente igualitária, deve-se reconhecer tanto a masculinidade quanto a feminilidade como componentes importantes e complementares. Suprimir ou desvalorizar qualquer uma dessas expressões, segundo ele, leva a uma sociedade incompleta e disfuncional.
No mundo moderno, a força, a coragem e a liderança masculina devem ser vistas como recursos a serem utilizados para o bem comum, em vez de características a serem extintas. Peterson incentiva os homens a desenvolverem um “masculino integrado” — isto é, uma versão de masculinidade que compreende a força, mas também a compaixão e a sensibilidade. Ele sugere que uma sociedade saudável precisa de homens e mulheres que sejam fortes em suas próprias características e que trabalhem juntos para o progresso comum.
Conclusão: a importância de permitir que o homem seja homem
Jordan Peterson destaca que o desenvolvimento e o reconhecimento das qualidades masculinas não são apenas importantes para os homens, mas para toda a sociedade. Ele argumenta que, ao tentar moldar o masculino para se conformar a ideais que reprimem suas características naturais, corre-se o risco de criar uma geração desorientada e incapaz de agir de forma assertiva em situações desafiadoras.
Permitir que o homem expresse sua masculinidade de maneira construtiva e responsável, sem culpa ou repressão, é um aspecto essencial para o equilíbrio social e para a criação de um ambiente onde homens e mulheres possam colaborar e se apoiar mutuamente. A visão de Peterson propõe uma nova forma de olhar para o papel do masculino, enfatizando que o respeito à masculinidade é uma necessidade, não um retrocesso.
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Equipe Tête-à-Tête

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