A doença da vaca louca, cientificamente conhecida como Encefalopatia Espongiforme Bovina (EEB), é uma condição neurodegenerativa fatal que afeta o gado bovino e é causada por proteínas defeituosas chamadas príons. Descoberta pela primeira vez na década de 1980 no Reino Unido, a doença ganhou notoriedade por suas consequências econômicas e sanitárias graves, além de seu impacto na saúde pública, uma vez que pode afetar humanos. Este artigo explora as causas, sintomas, formas de transmissão, impacto na saúde pública e medidas de prevenção relacionadas à EEB.


Causas e Mecanismo da Doença

A EEB é causada pela presença de príons defeituosos, que são versões anômalas de proteínas normais encontradas nos tecidos do cérebro. Ao contrário de vírus ou bactérias, os príons não contêm material genético e são resistentes à maioria dos métodos de esterilização. Quando esses príons defeituosos entram no sistema de um animal, eles causam uma série de reações em cadeia, transformando proteínas normais em formas anômalas. Esse processo gera uma acumulação de proteínas deformadas no cérebro, levando à degeneração do tecido cerebral, o que provoca lesões esponjosas características na encefalopatia espongiforme.

Acredita-se que a doença tenha se disseminado pelo Reino Unido e outros países através da alimentação de gado com ração animal contaminada com resíduos de outros animais infectados. Como a doença é altamente transmissível pelo consumo de tecidos nervosos infectados, essa prática de alimentar gado com subprodutos de origem animal foi a principal causa de seu rápido alastramento.


Sintomas em Animais

Os sintomas da doença da vaca louca podem demorar anos para se manifestar após a infecção. Quando surgem, eles incluem:

  • Mudanças de comportamento, como nervosismo ou agressividade
  • Perda de coordenação e dificuldade para ficar em pé
  • Movimentos involuntários, como tremores
  • Perda de peso, mesmo com apetite preservado

Esses sintomas se agravam progressivamente, levando o animal à morte em um período de semanas a meses após o início dos sintomas visíveis.


Transmissão para Humanos: A Doença de Creutzfeldt-Jakob Variante

A EEB ganhou especial atenção devido à sua potencial transmissibilidade para humanos, manifestando-se na chamada variante da doença de Creutzfeldt-Jakob (vDCJ). Quando seres humanos consomem carne ou outros produtos bovinos contaminados com príons, existe o risco de desenvolver essa forma humana da doença.

Os sintomas iniciais da vDCJ incluem alterações de humor, como depressão e ansiedade, além de sintomas psiquiátricos leves. Com o avanço da doença, surgem sinais neurológicos, como perda de memória, problemas de coordenação motora e movimentos involuntários, progredindo até a demência e, eventualmente, levando à morte. Assim como a EEB nos bovinos, a vDCJ em humanos é incurável e fatal.


Medidas de Prevenção e Controle

Após o surto no Reino Unido, vários países implementaram medidas rigorosas para conter a disseminação da EEB. Algumas dessas ações incluem:

Proibição de Alimentação Animal com Subprodutos de Carne e Ossos: Muitos países baniram a prática de alimentar ruminantes com produtos derivados de outros animais. Isso ajuda a interromper o ciclo de transmissão da EEB.

Descarte e Fiscalização Rigorosa: A fiscalização foi intensificada para garantir que o gado infectado fosse identificado e descartado de maneira apropriada, evitando que entrasse na cadeia alimentar humana.

Controle de Importação: Vários países passaram a impor restrições sobre a importação de carne e produtos bovinos vindos de regiões afetadas pela EEB.

Essas medidas ajudaram a reduzir drasticamente o número de casos de EEB, especialmente em países que foram epicentros da doença, como o Reino Unido.


Impacto Econômico e na Saúde Pública

A epidemia de EEB teve impactos devastadores na economia agrícola, especialmente no setor de pecuária. Países afetados, como o Reino Unido, sofreram uma queda na exportação de carne bovina, o que levou a prejuízos significativos para fazendeiros e exportadores. Em resposta, a União Europeia e outros países implementaram políticas para indenizar os produtores de gado afetados.

Além do impacto econômico, a doença teve um impacto psicológico e de saúde pública devido à incerteza e ao medo de contaminação. No auge da epidemia, muitos consumidores evitaram produtos bovinos, gerando desconfiança em relação à segurança alimentar.


Estudos e Pesquisas

Estudos sobre a EEB continuam sendo realizados para entender melhor como os príons se replicam e como poderiam ser neutralizados. Embora tratamentos efetivos ainda não tenham sido desenvolvidos, a pesquisa avança em áreas como a identificação precoce da doença e o desenvolvimento de novos métodos de detecção de príons em carne e outros produtos.

Segundo o Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) dos Estados Unidos, os casos de EEB têm diminuído globalmente desde as restrições alimentares e outras medidas de segurança implementadas. A Organização Mundial da Saúde (OMS) também mantém diretrizes rigorosas para o manejo da EEB, orientando os países sobre práticas seguras para reduzir o risco de contaminação.

No Brasil, o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) mantém protocolos de vigilância para monitorar e prevenir a EEB. Em casos suspeitos, são aplicados testes rigorosos para garantir que não haja risco para a população.


Considerações Finais

A doença da vaca louca e sua variante humana, a vDCJ, destacam a importância de práticas alimentares e sanitárias seguras, tanto na produção animal quanto no consumo humano. Os avanços na compreensão da EEB reforçam a necessidade de controle rigoroso na cadeia produtiva para proteger a saúde pública.

Esses esforços não apenas ajudam a prevenir novos surtos, mas também proporcionam segurança aos consumidores e fortalecem a confiança nos sistemas de produção de carne e produtos bovinos.


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Equipe Tête-à-Tête