O Mal de Alzheimer é uma doença neurodegenerativa que afeta milhões de pessoas no mundo, principalmente idosos, causando perda progressiva de memória, comprometimento das funções cognitivas e dificuldades nas atividades diárias. Estima-se que, globalmente, cerca de 55 milhões de pessoas sofram de demência, sendo que o Alzheimer é responsável por 60% a 70% desses casos, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS). A seguir, discutiremos os sintomas, tratamentos e métodos de prevenção da doença, com base em estudos científicos para oferecer uma visão abrangente sobre o tema.


1. O que é o Mal de Alzheimer?

O Alzheimer é uma condição neurológica que leva ao acúmulo de proteínas anormais no cérebro, principalmente a beta-amiloide e a tau. Esses depósitos formam placas e emaranhados que interrompem a comunicação entre os neurônios e causam sua degeneração e morte. Com o tempo, essa perda de células neuronais provoca uma atrofia cerebral, especialmente nas áreas associadas à memória e ao julgamento.

A doença foi descrita pela primeira vez em 1906 pelo psiquiatra e neurologista alemão Alois Alzheimer. Desde então, avanços importantes foram feitos em seu entendimento, mas ainda não há uma cura definitiva. Acredita-se que fatores genéticos, ambientais e de estilo de vida contribuem para o desenvolvimento da condição.


2. Sintomas do Alzheimer

Os sintomas da doença de Alzheimer evoluem de maneira gradual e podem ser divididos em fases: leve, moderada e grave. Entre os principais sinais e sintomas, destacam-se:

a) Sintomas iniciais

Nos estágios iniciais, os sinais podem ser sutis e muitas vezes confundidos com o envelhecimento natural. Alguns dos sintomas incluem:

  • Esquecimento frequente: dificuldade em lembrar eventos recentes e informações novas.
  • Confusão temporo-espacial: perda de noção de tempo e dificuldades em se localizar.
  • Dificuldade em resolver problemas: dificuldades em tomar decisões ou planejar.
  • Alterações de humor: irritabilidade, ansiedade e apatia.

b) Sintomas moderados

Conforme a doença progride, os sintomas tornam-se mais evidentes e afetam a independência da pessoa:

  • Perda de memória mais grave: dificuldade em lembrar o nome de familiares e eventos importantes.
  • Problemas de comunicação: dificuldade em encontrar palavras, repetir frases e interpretar o sentido de algumas conversas.
  • Mudanças de comportamento: delírios e desconfiança.
  • Comprometimento motor: dificuldades para caminhar e realizar tarefas manuais.

c) Sintomas avançados

Nos estágios finais, uma pessoa com Alzheimer necessita de cuidados intensivos:

  • Perda da capacidade de falar: a fala se torna limitada e muitas vezes incoerente.
  • Incapacidade de cuidar de si: dificuldades para comer, vestir-se e realizar outras atividades básicas.
  • Complicações físicas: dificuldade para engolir e aumento da fragilidade corporal, causando infecções e problemas de saúde graves.

3. Tratamentos disponíveis

Embora não exista cura para o Alzheimer, há tratamentos que visam retardar o progresso dos sintomas e melhorar a qualidade de vida. Esses tratamentos incluem medicamentos, terapias não-farmacológicas e abordagens de suporte.

a) Tratamentos farmacológicos

Os medicamentos utilizados no tratamento de Alzheimer têm o objetivo de amenizar os sintomas e retardar o avanço da doença. Entre os mais comuns estão:

  • Inibidores da colinesterase: como donepezil, rivastigmina e galantamina, que aumentam os níveis de acetilcolina, um neurotransmissor importante para a memória e a aprendizagem. Estudos mostram que esses medicamentos podem melhorar os sintomas em alguns pacientes, especialmente nos estágios leves e moderados da doença.
  • Memantina: atua bloqueando os efeitos do glutamato, um neurotransmissor que, em excesso, pode danificar as células nervosas. A memantina é utilizada em casos moderados e graves de Alzheimer e pode ajudar a melhorar a capacidade cognitiva e a função diária.

b) Terapias não-farmacológicas

Além dos medicamentos, há abordagens terapêuticas que podem ajudar o paciente a manter sua independência e promover o bem-estar. Entre elas, estão:

  • Terapia ocupacional: ajuda o paciente a realizar atividades diárias de forma adaptada, promovendo maior autonomia e autoestima.
  • Fisioterapia e exercícios físicos: promovem a saúde física, melhoram a coordenação e reduzem o risco de quedas.
  • Estimulação cognitiva: atividades de jogos, leitura e música estimulam as funções mentais, auxiliando na manutenção da cognição e retardando o avanço dos sintomas.
  • Terapia comportamental: busca minimizar sintomas como agressividade e depressão, oferecendo apoio emocional ao paciente e à família.

4. Estratégias de Prevenção

Embora o Alzheimer seja uma doença multifatorial e nem sempre seja possível preveni-lo, há hábitos e práticas que, segundo pesquisas, podem reduzir o risco de desenvolver a doença. Entre essas estratégias preventivas estão:

a) Exercício físico

Estudos sugerem que o exercício físico regular, especialmente atividades aeróbicas, pode diminuir o risco de demência. Os exercícios ajudam a aumentar o fluxo sanguíneo cerebral, promovem a neurogênese (formação de novos neurônios) e estimulam a plasticidade neuronal, o que protege contra o declínio cognitivo.

b) Dieta

A dieta mediterrânea, rica em frutas, vegetais, grãos integrais, peixes e azeite de oliva, tem sido associada a uma redução do risco de Alzheimer. Esse alimento padrão é rico em antioxidantes e anti-inflamatórios, que ajudam a proteger o cérebro contra danos.

c) Estímulo mental e social

Manter-se intelectualmente ativo, por meio de atividades como leitura, aprendizado de novos idiomas, jogos de memória e interações sociais, ajuda a preservar a capacidade cognitiva. Estudos da Associação de Alzheimer apontam que a educação e o estímulo mental contínuo podem aumentar a “reserva cognitiva”, retardando o aparecimento dos sintomas da doença.

d) Controle de fatores de risco cardiovascular

Hipertensão, diabetes e colesterol alto são fatores de risco para o Alzheimer, pois afetam a circulação sanguínea cerebral. Manter esses fatores sob controle reduz significativamente o risco de declínio cognitivo e de doenças degenerativas.

e) Evitar o tabagismo e o excesso de álcool

Fumar e beber em excesso aumentam o risco de problemas cardiovasculares e afetam a saúde cerebral. O abandono do tabagismo e a moderação no consumo de álcool ajudam para a prevenção do Alzheimer.


5. Suporte aos cuidadores

Cuidar de uma pessoa com Alzheimer é desafiador e muitas vezes estressante. Os cuidadores familiares desempenham um papel essencial, mas enfrentam grande sobrecarga emocional e física. É fundamental que esses cuidadores recebam apoio, tanto psicológico quanto prático, e que possam contar com redes de apoio, como grupos de suporte e profissionais especializados. Segundo a Associação Brasileira de Alzheimer (ABRAz), programas de apoio ao cuidador ajudam a reduzir o estresse e a melhorar a qualidade do cuidado oferecido ao paciente.


O Mal de Alzheimer é uma doença complexa e desafiadora, que afeta não só o paciente, mas também a família e os cuidadores. Embora não exista cura, o diagnóstico precoce e o tratamento adequado podem melhorar significativamente a qualidade de vida do paciente e retardar a progressão dos sintomas. A prevenção, embora não seja uma garantia, oferece uma oportunidade para reduzir os riscos por meio de hábitos de vida saudáveis.

A busca por uma cura e tratamentos mais eficazes continua, com inúmeras pesquisas em andamento. A conscientização sobre a doença é essencial para que a sociedade se prepare para o envelhecimento da população e desenvolva políticas públicas que ofereçam suporte adequado aos pacientes e familiares.


Até mais!

Equipe Tête-à-Tête