José Lins do Rego, em seu Ciclo da Cana-de-Açúcar , cria uma das mais importantes séries da literatura brasileira, abordando temas complexos como o declínio dos engenhos, a vida rural no Nordeste, e as relações sociais e culturais que circundam o universo da cana-de-açúcar. Composta por cinco romances – Menino de Engenho (1932), Doidinho (1933), Bangüê (1934), O Moleque Ricardo (1935) e Usina (1936) – essa série é notável por seu realismo e pela forma como o autor constrói a relação entre as figuras dos engenhos e seus personagens.
A saga de Carlos de Melo, protagonista que atravessa a maior parte das obras, permite uma visão crítica e sensível da transformação e decadência dos engenhos de açúcar no Brasil. Em Menino de Engenho , o autor retrata a infância de Carlos e expõe o sistema patriarcal dos engenhos, enquanto Doidinho e Bangüê acompanham sua juventude e a consciência das injustiças e contradições presentes nesse universo. Ao longo da série, Rego revela os efeitos da transição para o capitalismo industrial e o impacto desse processo sobre as tradições e o modo de vida rural, destacando a exploração e a desigualdade social.
A série Ciclo da Cana-de-Açúcar é fundamental não só pela qualidade literária, mas também pela maneira como captura e documenta uma fase crucial da história social e econômica do Nordeste brasileiro. A obra é uma leitura rica para quem deseja entender as dinâmicas de poder, tradição e resistência que permeiam o Brasil rural e sua transição para a modernidade.

Até mais!
Equipe Tête-à-Tête

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