A vaidade é uma característica inerente ao ser humano, mas no campo da política ela se manifesta de forma particularmente perigosa. Muitos políticos brasileiros, assim como em outras partes do mundo, parecem frequentemente movidos pela busca de poder e reconhecimento pessoal, acima dos interesses coletivos. A promoção da imagem, a autopreservação e a sede por notoriedade tornam-se o foco principal, desviando-os de seu verdadeiro propósito: servir ao bem público. Como apontou o filósofo Jean-Jacques Rousseau, em seu “Discurso sobre a Origem da Desigualdade”, a busca incessante por reconhecimento e status é uma das fontes da corrupção moral.

A vaidade, quando direcionada exclusivamente à autopromoção, distorce o ideal de liderança política. Platão, em “A República”, advertia que os governantes deveriam ser os mais sábios e não aqueles movidos por interesses pessoais. Contudo, no Brasil, muitos políticos parecem ter esquecido essa lição fundamental. Em vez de focarem em soluções para os problemas da sociedade, eles se envolvem em escândalos e ações que visam apenas garantir sua perpetuação no poder. O verdadeiro serviço público é sacrificado em nome de projetos pessoais.

A promoção pessoal em detrimento do interesse público também cria um ciclo vicioso de desconfiança e descrédito na política. A filósofa Hannah Arendt, em sua obra “A Condição Humana”, explora como o espaço público é deteriorado quando o poder é tratado como um meio para alcançar fins privados. Esse fenômeno é evidente na política brasileira, onde muitos representantes eleitos deixam de lado as demandas da população em prol de seus próprios benefícios, fortalecendo a ideia de que a política é um ambiente de vaidade e egoísmo.

Além disso, a vaidade política contribui para o enfraquecimento das instituições democráticas. Quando políticos são movidos principalmente por objetivos pessoais, eles acabam minando as bases da justiça e da igualdade. Aristóteles, em “A Política”, argumenta que a boa governança deve priorizar o bem comum, e que a justiça só é possível quando os interesses individuais são subordinados ao coletivo. No entanto, a vaidade descontrolada impede que essa harmonia seja alcançada, comprometendo a confiança dos cidadãos em seus líderes e instituições.

Por fim, a vaidade é, em última análise, uma armadilha. Como dizia o estoico Epicteto, “não são as coisas em si que nos perturbam, mas a opinião que temos delas”. A busca constante por aprovação e status leva os políticos a tomar decisões prejudiciais, não apenas para a sociedade, mas para si mesmos. Ao se desviarem do interesse público em prol de sua própria imagem, acabam por perder a verdadeira essência da liderança: o serviço ao bem comum. A vaidade não apenas enfraquece o sistema político, mas também destrói a moralidade do indivíduo que se entrega a ela.

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Equipe Tête-à-Tête